segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

E quão arbitrário tudo é?

Ia meramente responder ao comentário do Oggro, mas novamente ficou longo o suficiente pra ser uma postagem. Acho que fanatismo em si é algo tosco. O próprio ALGusto baixou o sarrafo no fanatismo futebolístico recentemente. Mas acho que há duas questões em pauta. A primeira é que, na postagem anterior, eu estava me referindo principalmente à exploração econômica alheia através da religião, ainda que sendo físico e não tendo deixado isso completamente claro possa ter passado outra impressão. Mas era o ponto de vista de quem quer convencer outrém a acreditar em algo e transformar a crença alheia em ganha-pão.

A segunda é questão é justificar a minha posição religiosa. Cada forma de religião, deus, misticismo ou espiritualidade que já me foi apresentada contém inconsistências elementares com o que estudei da natureza. Inconsistências essas que podem ser resolvidas através do clássico "mas pode existir algo que a gente não consiga detectar que resolva/permita isso". Só que elas são tantas que a pergunta inevitável acaba sendo: "e por que mesmo tu acha que é DESSE jeito, e não de qualquer outro?" Aí cada um que sabe e acredita no que quer.

Adventistas não comem carne de porco e a razão para isso, um amigo adventista me disse, é a história da Arca de Noé, na qual Deus libera os homens para que se alimentem da carne de alguns animais e porcos estão excluídos. Por se tratar de algo do Antigo testamento, suponho que se aplique aos judeus também.

Esse exemplo é facilmente transformável em chacota porque vem da história da Arca de Noé. Por outro lado, é um exemplo de coerência, pois eles se prendem rigorosamente a algo que está escrito, que vale pra todos e, suponho eu, seguem. O que é muito mais razoável do que acreditar pessoalmente no que se tem vontade conforme as suas carências e ir liberando por conta própria os vínculos inconvenientes que aparecerem pelo caminho, que é o que a maioria das pessoas faz e a maioria das religiões comporta. Volto com isso ao ponto do Oggro, que a religião existe porque as pessoas são fracas. Mas acrescento que ela se perpetua porque as pessoas são incoerentes e porque quem rege as religiões é flexível o bastante para tolerar a incoerência dos fiéis para manter o benefício econômico proporcionado por estes. Na hora do aperto, a invenção serve pra confortar. Mas na hora que aquilo no que se "acredita" se torna um vínculo limitante, se paga pra ver, reconhecendo a arbitrariedade do troço.

2 comentários:

Matheus "TT" Freire disse...

Bom, depois que o Papa Bento XVI decretou o fim do limbo, decretou-se a palhaçada...

Franco disse...

Decretou o fim do limbo ou oficializou que a Igreja Católica não tem bases para acreditar no limbo e, portanto, não acredita? Convenhamos que deve ter sido a segunda, porque se foi a primeira, tá louco!